É tanta prosopopéia, tanta expectativa... e o Oscar sai mais uma vez sem agradar nem a gregos, nem a troianos e nem à tribo de nome esquisito do não menos esquisito filme "Avatar". Não vim criticar o primoroso filme em efeitos especiais dos pseudo-smurfs da "Terra do Nunca". Aventureiro, surrealista... chame como quiser. Assisti e não vi lá essas coisas ditas pelo mundo afora. Mas respeito quem gostou.
O que mais me chamou a atenção do pré-candidato a papa-tudo da estatueta dourada foi o fato de que fora escrito há 14 anos atrás. Na época, seu autor fora incentivado a arquivar o projeto para que esperasse o avanço da tecnologia para que todo seu enredo fosse amplamente explorado. Sábia decisão. Imagino como foram os ultimos 13 anos desse artista.
Entretanto, atenho-me muito mais a filmes que nos digam algo. Não precisa nem chegar perto do estilo "moral da história de hoje", deplorável conceito que traumatizou alguns de minha geração de escola primária por parecer que ninguém entendia a piada no fim da história. Mas acho que é bom que, ao final de 90, 120 minutos, guarde-se algo de útil para os outros milhares de minutos de sua vida.
E é possível fazer isso em qualquer gênero. Já consegui, por exemplo, achar Rocky 5 um grande filme motivacional, dentre outras dúzias de exemplos. Muitos filmes badalados são muito mais exibicionismo de efeitos especiais do que propriamente uma história com começo-meio-fim.
O que foi "2012"? A teoria Maia do fim dos tempos só é citada praticamente no começo. Não mostram outros acertos da turma da America Central para convencer de que o mundo realmente pode acabar Isso daria "mais medo" ao que é visto e o filme deixaria de ser pura adrenalina forçada. A rara mensagem subliminar é da data: 21/12/12, que nada mais é do que somar 2+1=3 por 3x. Assim sendo, seria 333. Qual o número q ficou de fora? 2 (de 2012). Aí, 333 x2 = 666 - número da Besta do Apocalypse. Mal isso aparece.
Você não sai do cinema querendo plantar uma árvore ou usar menos o ar condicionado para evitar que o mundo acabe. Simplesmente foi um expectador do talento humano. E só. (e pior: o filme trata do fim do mundo, mas ao fim, ele continua existindo com meia duzia de milionários para recriar a humanidade. Imagine só...)
Ganharia o Oscar (não em 2010 pq são de anos anteriores, mas deveriam ter ganho antes), na minha mísera opinião, 3 títulos que cito abaixo:
Todos os filmes possuem links para suas sinopses e trailers, apenas citarei a razão de suas indicações:
De Porta em Porta: qualquer um que veja poderá medir o quão somos mesquinhos em reclamar das adversidades da vida sobre os mínimos problemas. Baseado em uma história real. E fantástica.
Obrigado por fumar: ao contrário do que possa se supor, o filme não incita ao consumo do cigarro. Ao fim, você entenderá bem como certos políticos fazem para saírem de perguntas indiscretas ou provocantes sem descer do salto. Costumo dizer que quem vê, nunca mais perde uma discussão.
A Dieta do Palhaço: dos 3 é, com folgas, o menos conhecido, mas deveria ser o mais divulgado. Com apresentações raras nas madrugadas da HBO, descobre-se neste filme os absurdos do fast food e o quão prejudicial são nossos hábitos alimentares nos dias de hoje. É i-na-cre-di-tá-vel o que você verá.
Cabe uma observação: este filme tinha sua segunda edição pronta, quando (boatos da web, ok?) seu autor recebeu volumosa quantia de uma empresa para sumir do mapa. Era mais barato calar um do que tomar o prejuízo de tantos. Porém, teria sido regravado por outro autor e chamado de "Food Inc." tendo sido indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Ele ainda não tem estréia prevista no Brasil, mas podem apostar que valerá a pena ver.
Os dois primeiros filmes são encontrados na Locadora Goytacaz. O último eu nunca vi em DVD. Mas o Google e o Youtube dão uma ajudinha. Depois é só botar a pipoca na panela!
